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Foto do escritorLuiz Carlos Alves de Sousa

Sobre Ipods e Cia



Ouvindo musica no fone de ouvido

Interessante notar que na medida em que a música é fonte de prazer, as pessoas se tornam muito mais tolerantes a altos níveis de intensidade sonora por muito mais tempo. A Apple, empresa gigante do gênero, que já vendeu 42 milhões de iPods desde que foram lançados em 2001, teve que adaptar seus equipamentos para atender o mercado francês que estipula em 100 decibéis o limite máximo de intensidade permitida.


 

Otorrinolaringologistas e Audiologistas acreditam que dezenas de milhares de jovens tem causado sérios danos aos seus ouvidos, sendo suscetíveis a apresentarem zumbidos e perdas auditivas. Esses especialistas dizem que os MP3 deveriam ser confeccionados de modo a evitarem que seus usuários ouçam músicas acima de 90 decibéis (cerca de dois terços do volume máximo de uma unidade típica). De acordo com relatos, muitas pessoas ouvem seus iPods em transportes públicos para mascarar o barulho do tráfego, desta maneira elas acabam elevando o volume a níveis muito perigosos. Um agravante é que os fones de inserção aumentam o sinal em até 10 decibéis (o que significa a diferença entre o ruído de um aspirador de pó e uma motocicleta!

Fones de inserção podem causar danos permanentes aos ouvidos após apenas 1 hora de uso com volumes de 110 a 120 decibéis, o que equivale ao nível de ruído de um concerto de rock. Recomenda-se ouvir música através dos MP3 por não mais do que 1 hora por dia com volume não superior a “6” na escala de intensidade. A regra é 60 por cento/60 minutos ao dia.

 

A possibilidade de causar danos à saúde auditiva não se configura preocupação entre os jovens. Pesquisas revelam que um estudo envolvendo mais de 10.000 jovens (MTV web site) somente 8% deles considera a perda auditiva “um grande problema”. Até agora, o prazer era maior do que o risco. Ouvir música em aparelhos portáteis com fones de ouvido é uma das formas de prazer individual mais cultuadas deste século. A moda começou com o sucesso do lançamento do walkman, pela Sony, na década de 80 Depois veio o diskman, para ouvir CDs, até que o mundo definitivamente seduziu mentes e ouvidos com os pequenos tocadores de MP3. Porque cada vez mais a humanidade precisa desesperadamente de uma trilha sonora em altos decibéis para acrescentar alguma graça ao cotidiano, escapar dele ou se concentrar é uma outra história a ser pesquisada. Mas o fato é que desde o começo do ano vários estudos científicos têm mostrado o impacto desse novo hábito da vida moderna sobre a saúde auditiva.

 

Na semana passada, um trabalho mostrou que a família dos tocadores de MP3, onde se inclui o Ipod, da Apple, pode causar danos auditivos a longo prazo para quem fica tempo prolongado ouvindo música em alto volume. Segundo um dos autores do estudo, Cory Portnuff, uma pesquisadora da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, ouvir música a 80% do volume máximo (o equivalente ao volume 8, em uma escala de 10) por mais de 90 minutos pode levar a problemas auditivos no futuro. Ela trabalhou junto com Brian Fligor, diretor de audiologia do Children´s Hospital de Boston e professor da Harvard Medicine School para analisar o impacto do volume e do tempo em cem alunos da universidade usuários do Ipod, o tocador de MP3 de Apple. Além de constatar o risco, os estudos definiram alguns parâmetros para desfrutar com segurança dos tocadores de música portáteis. A investigação coordenada por Fligor não constatou alterações auditivas nas pessoas que ouviram música diariamente por muitas horas seguidas em volumes que não ultrapassaram entre 10% e 50% da capacidade máxima dos aparelhos portáteis.

 

Porém não resta dúvida de que os mais jovens, por exemplo, gostam de ouvir música mais alto. Pensando neles, os pesquisadores concluíram que se pode regular o som em 70% do volume máximo do Ipod por quatro horas e meia sem muito risco. Quem ainda precisa de mais potência sonora, atingindo 80% da capacidade do aparelho não deve ultrapassar uma hora e meia com os fones de ouvido. A equipe de Fligor acredita ainda que a compensação pode ser um recurso útil neste caso. Por exemplo, quem se excede no tempo de exposição a altos volumes por motivos excepcionais em um dia pode proteger a saúde dos ouvidos privando-se de usar fones durante o resto da semana. Outro pesquisador, Dean Garstecki, da Universidade de Northwestern, também nos Estados Unidos defendeu limites mais rigorosos em um trabalho publicado em janeiro deste ano. 

 

O principal problema é o impacto que o som elevado pode causar às estruturas internas do ouvido. Em especial, à cóclea, uma região que se assemelha a um caracol e está preenchida por diversos filamentos de células sensitivas banhadas por um líquido (endolinfa). Sua principal função é a percepção do som, estrutura que transforma o estímulo mecânico em impulsos elétricos, que são levados ao cérebro pelo nervo auditivo e processados no cérebro. Sob impacto muito forte, ou seja, quando os ouvidos são submetidos a sons de alta intensidade, as células sensoriais do órgão de Corti do ouvido interno (cóclea) sofrem danos estruturais que afetam sua função. Disto decorre a diminuição auditiva para os sons agudos e os zumbidos apresentados pela pessoa exposta.

 

Ainda há muitas dúvidas sobre o tema que assume dimensões de saúde pública, porém ficava apagado frente ao sucesso dos tocadores de música portáteis. O especialista Garstecki sustenta que o tipo de fones – interno ou externo ao ouvido – pode ter implicação na agressividade aos tímpanos. Ele acha que os plugues de inserção internos aumentam o sinal de áudio em até nove decibéis em relação aos outros que ficam fora do ouvido, com arco e espumas protetoras. Porém mais uma vez Fligor contesta. Em um outro estudo divulgado na semana passada, ele afirma que o risco é igual.

 

De toda forma, a indústria já reage à saraivada de descobertas e dúvidas. No começo deste ano, a Apple levou um processo de um cidadão americano da Louisiana reclamando do design e da falta de informações para alertar sobre a perda de audição que podem causar. A Apple, que vendeu aproximadamente 42 milhões de iPods desde 2001. não se pronunciou sobre o assunto, mas lançou em março uma atualização de software 1.1.1. para o iPod® nano e para a quinta geração de iPods que permite aos usuários limitar o volume do aparelho. Segundo a empresa, o software dá aos pais a possibilidade de controlar o limite máximo de volume usado nos seus iPods com um código e uma senha.

 

O programa pode ser baixado por download do www.apple.com/ipod/download

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